Laianne Plácido Lima, 25 anos, cresceu no bairro Pirambu, em Fortaleza, enfrentando desafios que fariam muitos desistirem. Filha de Maria Célia, zeladora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Laianne não teve acesso ao básico para estudar:
“Não tinha livros, apostilas, computador ou uma mesa para estudar. Não tinha tutor, professor, “alguém que dissesse que ia dar certo”. Não tinha referências”, relembra Laianne. “Aqui onde eu vivo, quando você olha pro lado, dificilmente vê exemplos de pessoas que conseguiram entrar numa universidade e se formar. Era uma realidade distante da minha, porque eu não tinha exemplos concretos. As pessoas diziam que era improvável”, No ambiente onde cresceu, os exemplos de sucesso acadêmico eram raros:
“É uma coisa que você pensa ‘por que ainda tô tentando? Isso não faz parte da minha realidade. Você acaba se autossabotando. Na minha escola, nunca se conversava sobre sonhos, sobre passar numa universidade. Isso também contribuiu.”
Durante 8 anos, Laianne tentou o vestibular, sem estrutura, apoio externo ou recursos financeiros. Ela estudava na biblioteca da UFC, chegando cedo e saindo apenas à noite.
O apoio incondicional de sua mãe, mesmo com todas as limitações, foi o que manteve Laianne firme:
“Quando fui dizer pra minha mãe, nem ela acreditou. Tô tentando passar desde 2015, há 8 anos faço essa prova.
Acho que ela só acreditou quando chegou no trabalho, mostrou o resultado pros professores e todo mundo começou a chorar.”
Laianne agora se prepara para iniciar a faculdade e deixar a pequena rede na sala de casa rumo à Faculdade de Medicina. A vitória dela não é só um exemplo de persistência, mas um lembrete poderoso de que sonhos podem florescer, mesmo em solo árido.